sexta-feira, 28 de setembro de 2012


8- Bento teixeira (1560-1618) 

BENTO TEIXEIRA

Veio para o Brasil, com sua família, em 1567. Fez seus primeiros estudos no colégio dos jesuítas, no Espírito Santo; em 1576 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, onde estudou com os padres da Companhia de Jesus. Terminou seus estudos com os jesuítas em 1579, em Salvador BA. Entre 1584 e 1588 manteve uma escola em Olinda PE, subsidiada pela Câmara Municipal, na qual lecionava juntamente com sua esposa. Foi acusado, no período de 1588 a 1599, de prática religiosa judaica, na época proibida pelo Tribunal da Santa Inquisição. Foi absolvido do auto-de-fé em 1785, sob acusação de blasfêmia, pelo Ouvidor da Vara Eclesiástica Diogo do Couto. Após tentativa de fuga, em 1785, foi mandado para Portugal e preso em Estaus. Lá negou a crença e a prática judaica, vindo a confessá-las depois. Abjurou do judaísmo e recebeu a doutrinação católica em um auto-de-fé, obtendo então liberdade condicional. Publicou em Lisboa, em 1601, seu poema Prosopopéia, no livro Naufrágio que Passou Jorge d'Albuquerque Coelho, Capitão de Pernambuco. Bento Teixeira teria sido o primeiro poeta nascido no Brasil; escreveu um dos poemas mais importantes do barroco brasileiro, Prosopopéia.
   

 

É o único livro de Bento Teixeira, publicado em 1601. É um poemeto épico, com 94 estâncias em oitava-rima e decassílabos heróicos, obedecendo os moldes camonianos, focalizando Jorge Albuquerque Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco e de seu irmão Duarte, quem o autor pretende exaltar. Obra de Indiscutível valor histórico onde o herói narra acontecimentos heróicos no Brasil e em Alcácer-Quibir, na África. A descrição da batalha de Alcácer-Quibir, em que os dois irmãos se distinguem com ações preclaras. Nesta parte da obra encontram-se os melhores versos saídos da pena de Bento Teixeira.


Prosopopéia

Publicada em 1601, de grande valor histórico, a obra mais famosa do escritor é o poema épico, já citado, Prosopopéia. Nele, o escritor fala sobre a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, e seu irmão, Duarte. É a única obra reconhecida e aceita como de sua autoria.
Embora tenha sido originalmente publicada em Lisboa, na ocasião em que Bento Teixeira ali encontrava-se encarcerado, e a despeito do autor ter nascido em Portugal, atribui-se à Prosopopeia o mérito de ser uma das primeiras obras da literatura brasileira, uma vez que Bento Teixeira estudou e fez carreira no Brasil.
Escrito em oitava rima, com noventa e quatro estrofes, o poema marcou o início do movimento barroco no Brasil. Ao que parece, a obra foi influenciada pelo poema Os Lusíadas, de Camões. Tal influência é percebida quando analisada a sintaxe, e a estrutura. A sintaxe é extremamente clássica, cheia de inversões, o que dificulta o entendimento por um leitor do século XXI. A estrutura segue de perto a da obra de Camões, como se percebe já de inicio pela existência de proposição (Onde apresenta o assunto da epopéia: cantar os feitos de Jorge d'Albuquerque), invocação (quando pede ajuda do Deus cristão para compor seu texto) e dedicação (o texto é dedicado a Jorge d'Albuquerque, visando ajuda financeira).
De caráter heróico, a suposta coragem e valentia dos irmãos é narrada em decassílabos. Os acontecimentos abordados dizem respeito as terras brasileiras e a região de Alcácer-Quibir, na África, onde os irmãos teriam se destacado em uma importante batalha. Ambos, teriam também sofrido com um naufrágio, quando viajavam na nau Santo Antônio.
Trecho de Prosopopéia:
Cquote1.svg LX Olhai o grande gozo e doce glória
Que tereis quando, postos em descanso,
Contardes esta larga e triste história,
Junto do pátrio lar, seguro e manso.
Que vai da batalha a ter victória,
O que do Mar inchado a um remanso,
Isso então haverá de vosso estado
Aos males que tiverdes já passado.
Cquote2.svg

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